segunda-feira, 30 de junho de 2014

Pensamentos pre-Gana


Escrevi isto antes do jogo Portugal- Gana:

Numa altura em que estamos já praticamente eliminados do campeonato do mundo, as criticas a Cristiano Ronaldo voltam a ser o tema do dia. Porque ele não corre,  porque ele não chuta, porque ele não se esforça. Somos Cristiano-dependentes, porque se ele não joga no seu máximo, a seleção portuguesa não mexe a ponta de um corno, mas a população portuguesa esquece-se que sem ele, pior seriamos.

Cristiano é, hoje em dia, uma obrigação. Uma obrigação por deve tudo a todos os portugueses. Na verdade foram os portugueses que o ajudaram a melhorar ao longo de todos estes anos. Na verdade, todos aqueles que apoiavam o messi e assobiavam o Ronaldo, era tudo uma estratégia para o apoiar, e portanto ele agora DEVE-LHES um campeonato do mundo. Não interessa se está lesionado, se se está a prejudicar fisicamente por andar a jogar em esforço, quando tem contratos milionários que dependem da recuperação dele após o mundial. Não interessa se, em declarações antes do campeonato disse “doer? Dói sempre um bocadinho, mas não vai ser isso que me vai impedir de jogar”. Não interessa, se o Real Madrid fez a pressão que fez para o impedir de entrar em campo, e ele mesmo assim entra em campo e tenta ajudar a seleção portuguesa.

A seleção portuguesa (.... ou a piada portuguesa?) foi desmontada por Paulo Bento, que estragou o ultimo mundial de qualidade em que Ronaldo vai participar. Claro que aos 32 ainda poderá vir a jogar, mas não nos enganemos... não será O Ronaldo. Mas Paulo Bento e companhia decidiram que este ano o Cristy ficava-se pelos oitavos, a ser humilhado pela Alemanha e pelos Estados Unidos.
Paulo Bento decidiu que, de todos os que poderia levar ao Brasil, tinha de levar os com quem se dava melhor, porque quem é que quer levar pessoas chatas e de quem não gosta para ir de férias? E o resultado foi uma palhaçada de velhos e festival de lesões que envergonham todo e qualquer português, e se podemos gozar com os espanhóis? Sim, mas foram apenas três dias. E se podemos ficar contentes com a chegada do mundial? Sim, mas foram apenas três dias.

Eu gostava da selecção. Gostava de finalmente torcer pela mesma equipa que o meu pai, ou que os meus amigos lampiões, e estarmos todos do mesmo lado. Ninguém me tirará as memorias do euro 2004, em que éramos realmente uma nação a torcer por uma equipa. Mas lá está, aquela era uma equipa...

Eu gostava da selecção até ser uma passarela de penteados e bigodes e, este ano, de lesões. Eu gostava da selecção até pegarem no conceito de “escolher os melhores jogadores de um país e construir uma equipa” e transformarem em “escolher os jogadores que eu quero valorizar porque ainda ganho uns trocos”. Eu gostava da selecção...

Agora não gosto da teimosia do Paulo Bento, não gosto da dependência ao Cristiano Ronaldo, não gosto da estratégia “pega na bola, passa ao Cristy e ele que se arranje. Nós ficamos aqui a ver”, não gosto que andem a gozar com a nossa cara e a cancelar treinos quando estamos praticamente fora do mundial, não gosto que o treinador tenha a lata de, depois de cancelar treinos, culpar a equipa medica pela quantidade de lesões. Não gosto que o treinador, depois de convocar jogadores que mal jogaram durante este ano inteiro, culpe a equipa medica ou o “cansaço físico” para justificar lesões. Não gosto da quantidade de lesões. Não gosto de jogadores com “tranquilidade”, jogadores que nem deviam ser considerados “representantes de Portugal” nem a jogar ao berlinde!

Ainda assim, e mesmo sem qualquer realismo, eu acredito no apuramento. Afinal, sou sportinguista, vivi a minha vida toda a acreditar até ao fim. Vivi a minha vida toda a levar com 90 minutos de sofrimento, quer fossem dar em vitórias ou derrotas, Sporting é sofrimento. Aprendi a acreditar nas minhas equipas, mesmo quando não mandam uma para a caixa (como no ano passado) e aprendi a acreditar no símbolo que levam ao peito, mais do que nos jogadores. Acredito na força daquele símbolo, como acredito na força do símbolo do melhor clube português, que já em tempos de adversidade e contra todas as probabilidades, deu incentivo a jogadores que nem sabiam fazer um passe e levaram-nos à vitória.


Eu peço desculpa, mas eu acredito.

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